quinta-feira, 24 de março de 2016

Dopping no Judô - Vale a Pena?




É com muita tristeza que vemos no nosso dia a dia, jovens utilizando de forma nociva o uso de doping e participando de competições estaduais, tirando de forma traiçoeira a possibilidade de atletas conseguirem resultados que os levem a uma disputa de um Campeonato Brasileiro e a competições internacionais, é extremamente incompreensiva a passividade dos treinadores que pela busca de resultados, passam a ser coniventes com o doping ficando alienados e não se preocupando com a mudança física, psicológica e intelectual do atleta.

É sabido que para ser um bom atleta, é exigida muita dedicação, disciplina e responsabilidade. Levar o esporte a sério traz resultados positivos para quem almeja a vitória. Em contrapartida, atletas buscam “remedinhos milagrosos” para se manterem de pé, com o físico sempre preparado para um grande desafio, mas esquecem dos efeitos colaterais que esses remédios podem trazer.

O uso de medicamentos por alguns atletas, além de trazerem riscos à saúde, é antiético, pois nesse caso, não há igualdade de condições entre os atletas.

O uso ilícito de substâncias, medicamentos e hormônios, como artifício para ganhar competições esportivas é muito antigo. Já nos Jogos Olímpicos da Grécia, cerca de três séculos antes de Cristo, havia uma regulamentação para evitar que os competidores tivessem o baço arrancado. Acreditava-se que com o esforço físico dos maratonistas, este órgão poderia endurecer e prejudicar o resultado. Os antigos jogos olímpicos foram extintos no quarto século da Era Cristã, devido à influência de políticos e ricos egoístas que introduziram a corrupção, até que o imperador Teodósio os abolisse.

O doping é o uso ou a administração ilícita de qualquer droga ou medicamento estimulante ou estupefaciente com vistas a suprimir temporariamente a fadiga, aumentar ou diminuir a velocidade, melhorar ou piorar o desempenho dos atletas durante uma competição.

Ao longo dos anos, esse tipo de artimanha tem se sofisticado. Ao mesmo tempo em que as substâncias e os fármacos são aprimorados para passarem despercebidos nos exames de urina e de sangue feitos nos atletas, os próprios métodos de detecção também se sofisticam.

Assim, é difícil haver dúvida nos resultados, ainda que algumas substâncias sejam parecidas com as produzidas pelo corpo humano. "As mulheres, por exemplo, também produzem hormônios masculinos, porém, em pequenas quantidades. Quando elas usam esteróides para aumentar a força muscular, os exames detectam a quantidade de hormônio artificial no corpo, porque a excreção na urina é diferente da natural".

Os exames antidoping são caros e proporcionam facilidade de falsificação, além de exigirem laboratórios muito bem equipados, com tecnologia de ponta e de elevada especificidade.

Os hormônios que provocam o crescimento humano, a inseminação artificial seguida de aborto e a substituição da urina fazem parte do esquema de alguns atletas para driblarem os testes e melhorar seu desempenho nos jogos. Algumas são inseminadas artificialmente antes de abortarem dois ou três meses depois, para tirarem proveito de um perceptível aumento de hormônios.

O que complica para determinar se um atleta usou ou não doping, é que muitos trocam a urina a ser examinada pela de outra pessoa, sem resquícios dos medicamentos ou drogas. Por isso, os comitês esportivos internacionais agora também pedem DNA da urina, quando necessário.

Outros introduzem em si próprios por cateter a urina isenta de drogas de outrem. Após uma lavagem para retirar o máximo de sua própria urina dopada. A urina "pura" é bombeada para a bexiga antes da competição, de modo que o atleta consiga passar a salvo pelo teste de drogas.

O doping sanguíneo é um processo pelo qual o atleta retira parte dos glóbulos vermelhos, os quais o corpo substitui naturalmente e, então, antes da competição, ele repõe o sangue retirado para proporcionar aos músculos uma dose extra de oxigênio.

Para o doping não deixar traços, muitos atletas deixam de usar as drogas no período de competição, mas já foram "beneficiados" por seus efeitos. "Agora alguns campeonatos começam a realizar os testes ainda no período de treinamento para evitar isso".

A dificuldade em combater o doping se dá também porque praticamente todas as substâncias utilizadas são de uso médico, vendidas com receitas controladas. "Um paciente com câncer, por exemplo, usa hormônios para recuperar a força muscular". Isso significa que por trás do doping, há sempre alguém que está descumprindo a lei e vendendo esses medicamentos sem o controle médico devido.

A pioneira nas punições por uso de doping foi a Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF). Em 1928 a Associação baniu os primeiros atletas por doping.

A comissão médica do comitê olímpico internacional instituiu durante os jogos olímpicos do México (1968) a aplicação de testes anti-doping sistemáticos, decidindo que seriam excluídos dos jogos os atletas comprovadamente dopados.

Em Caracas, na Venezuela, em 1983, 15 atletas foram impedidos de participar devido aos esteróides.

A Olimpíada de 1984 é a dos vexames, pela cassação das medalhas.

No torneio de pista de campo Classe Mundial, em Zurique, na Suiça, em 1987, metade dos 28 atletas escalados para participar nas competições de força, lançamento de peso, de martelo, de dardo e disco faltaram, após tomarem conhecimento da realização obrigatória dos testes para esteróides.

Na olimpiada de 1988 foram descobertos precisamente 10 casos de doping.

Mais de 20 jogadores de futebol americano de diversas temporadas foram impedidos de jogar: 75% a 90% de todos os atletas usavam esteróides. É uma proporção epidêmica.

Em 1999 foi fundada a World Anti-Doping Agency (WADA), para o combate da prática do doping pelos atletas. Essa Agência Mundial criou um código mundial anti-doping (CMAD), que é utilizado pela maioria das Federações Internacionais e pelo Comitê Olímpico Internacional.


Atualmente, existe uma lista de medicamentos proibidos. Essas drogas são agrupadas nas seguintes classes:
Estimulantes – agem direto sobre o sistema nervoso central, fazendo o mesmo efeito da adrenalina. As substâncias são: pseudoefedrina, efedrina, anfetamina, cocaína e cafeína.
Analgésicos Narcóticos - atuam no sistema nervoso central, diminuindo a sensação de dor. As substâncias são: morfina, codeína, propoxifeno, petidina.
Agentes anabólicos – agem aumentando o tamanho dos músculos.
Diuréticos – atua aumentando a produção e a excreção, causando a perda de peso. São usados também para o mascaramento de doping. As substâncias são: triantereno, hidroclorotiazínicos, furosemide.
Betabloqueadores - agem diminuindo a pressão arterial e ajudam a manter estáveis as mãos do atleta. É usado em competições como o tiro. As substâncias são: propranolol e atenol.
Hormônios peptídeos e análogos - aumentam o volume e a potência dos músculos. As substâncias são: Hormônio do crescimento, eritropoetina, corticotropina.

Essas substâncias são consideradas dopantes, de forma qualitativa e não quantitativa, ou seja, não se considera a quantidade, mas sim o que aparece, mesmo porque os métodos laboratoriais de detecção não chegam a um resultado 100% conclusivo para se determinar a razão do uso do medicamento-tratamento ou dopagem.

Dentre os variados sintomas estão: a elevação da pressão arterial, a freqüência cardíaca e o medo do atleta diminuem, e há a aceleração do metabolismo das células. Efeitos colaterais não faltam: tonturas, dores de cabeça, insônia, mal estar, cansaço fácil e, principalmente a dependência da droga, que quase sempre evolui para drogas mais potentes e mais perigosas. Muitas vezes, os efeitos são mais psicológicos do que fisiológicos.


Entretanto, os atletas no desespero de melhora rápida da massa e da força, e na incessante luta por melhorar seus recordes, acabam por usar doses elevadas, algumas vezes com exagero sem sentido. Em certos casos, as doses são tão altas que os músculos acabam ficando refratários a qualquer hipertrofia.

O Controle Antidoping é feito da seguinte forma, o atleta pode ser chamado para o controle em qualquer momento e também qualquer lugar, tanto antes como depois da competição.

O atleta é informado por uma equipe, que passará pelo exame, e pode se hidratar e descansar dentro de um posto da estação de Controle de Doping.

Então o atleta se identifica, e escolhe qual embalagem irá coletar a urina, selecionada a embalagem o atleta é acompanhado por um oficial da equipe de controle de doping, do mesmo sexo, lava as mãos e realiza o exame com a presença do oficial.

Depois volta, até a sala de processamento e escolhe outros potes, o atleta divide a urina em dois potes, o pote A contendo 2/3 de urina e pote B contendo 1/3 de urina, o atleta fecha os potes e termina a sua participação no exame.

Os potes são organizados em uma caixa de isopor para serem enviados para o laboratório, o atleta verifica junto com o fiscal o formulário e assina.

Os Métodos de Identificação são:
Cromatografia - é uma técnica quantitativa que tem por finalidade geral a identificação de substâncias, a separação e a purificação de misturas.
Cromatografia gasosa - é um tipo comum de cromatografia usada em química orgânica para separação de compostos que podem ser vaporizados sem decomposição.
Espectrometria de massa - é um método para identificar as diferentes moléculas que compõem uma substância.
Gravimetria - consiste na análise quantitativa que permite saber a quantidade de uma substância em determinada mistura.

Como o doping é mais comum em competições importantes, geralmente internacionais, os envolvidos são esportistas de muita experiência. "Dificilmente um atleta desse nível profissional não sabe que as substâncias são ilícitas, especialmente porque a maioria delas é injetável e é preciso a concordância dele para a aplicação. Por isso, não se pode culpar somente os treinadores".

Analisando criteriosamente os mais recentes casos de doping envolvendo atletas brasileiros de alto rendimento, a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBME) vem a público externar a sua preocupação e reiterar algumas recomendações:
1 - O atleta de alto rendimento, que está sujeito a controle anti-doping durante competições ou a controle anti-doping fora de competição, deve manter sempre o máximo cuidado em relação às substâncias que ingere, pois será responsabilizado pelas que porventura venham a ser detectadas;
2 - Diversos medicamentos habitualmente utilizados para o tratamento das mais diferentes condições clínicas fazem parte da Lista de Substâncias Proibidas da Agência Mundial Anti-Doping;
3 - O médico especialista em Medicina do Exercício e do Esporte é o profissional mais indicado para orientar o atleta de alto rendimento, para evitar a ingestão involuntária de alguma substância proibida;
4 - O atleta de alto rendimento, desde que bem orientado e assessorado pelo seu treinador, pelo seu nutricionista, pelo seu fisioterapeuta e pelo especialista em Medicina do Exercício e do Esporte, entre outros profissionais que compõem a equipe multidisciplinar, não necessita de substâncias ilícitas ou outros subterfúgios obscuros para atingir o seu limite geneticamente estabelecido, em termos de desempenho;
5 - A promoção e a preservação da saúde na prática do exercício ou do esporte; e o conceito de “jogo limpo” são princípios incondicionalmente defendidos pela SBME.

Com todas essas informações, já podemos chegar à conclusão que remédio algum faz você chegar ao topo da competição, pelo contrário, o rumo ao título estará cada vez mais distante e a sua derrota estará cada vez mais perto. E vocês o que acham do doping, será que uma alimentação saudável, uma boa preparação física e um acompanhamento nutricional já não resolveriam?

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