sábado, 2 de janeiro de 2016

Lesões no Judô - Parte 2 - Da Cintura Para Baixo




As lesões musculares são freqüentes no Judô por se tratar de um esporte de contato em que é necessário o uso de grande força por parte de seus praticantes, levando a sobrecarga muscular ou por trauma direto.

As regiões constantemente afetadas pelas lesões musculares causadas por traumas diretos (pancadas) são o quadríceps da coxa e intercostais e as regiões normalmente lesionadas por trauma indireto são o posterior da coxa e paravertebrais. Ao contrário da parte superior do corpo onde é mais comum a contratura, na parte inferior do corpo é muito mais comum o estiramento ou a distensão muscular. A Distensão ou estiramento é quando há o alongamento das fibras musculares além do seu comprimento normal.

O tratamento das lesões musculares depende da gravidade, da extensão da lesão e da sua localização. O estiramento muscular vai desde o grau mínimo com pequeno ou nenhum edema até a ruptura completa do músculo com edema e hemorragia intensos. O tratamento é predominantemente clínico. Em uma fase inicial (1ª semana) devemos realizar o controle de sintomas como dor e edema com meios físicos como gelo e TENS (estimulação elétrica nervosa transcutânea). O uso do Ultrassom é recomendável no modo pulsado. Na 2ª e 3ª semanas podemos utilizar Ultrassom continuo a fim de auxiliar no processo de cicatrização. O ganho de flexibilidade deve ser realizado conforme a tolerância do paciente quanto a dor. O ganho de força muscular deve ser crescente, iniciando com exercícios isométricos, também levando em consideração a dor do paciente. A 4ª e 5ª semanas devem ser utilizadas para aumento do ganho de força e flexibilidade, além dos treinos sensoriomotores a fim de realizar o retorno gradativo do paciente ao esporte.

A nível dos membros inferiores, o joelho é uma das maiores articulações do corpo humano e também uma das que mais sofre lesões e a maior incidência são as entorses que ocorrem durante os treinos. Essa articulação é formada pela extremidade distal do fêmur, extremidade proximal da tíbia, patela, ligamentos, meniscos e tendões de músculos que o cruzam. O joelho pode ser lesionado de várias formas por ser muito vulnerável ao trauma direto (pancadas) ou indireto (entorse), além de ser lesionado principalmente pelo excesso de uso ou uso inadequado (regiões condrais e tendíneas são as mais acometidas), as lesões mais vulgares são, a bursite pré-rotuliana, a fratura e a luxação da rótula, a tendinose do rotuliano, a doença da cartilagem da rótula, a síndrome da fáscia lata, a ruptura meniscal e a do ligamento cruzado anterior.



A entorse (torção) do tornozelo é um movimento anormal dos ossos que provoca lesão do ligamento. É menos grave que a luxação e quando ocorre a região vai ficar inchada e avermelhada, a melhor maneira de reduzir o inchaço é com gelo.

A primeira atitude a ser tomada após uma torção de tornozelo é colocar compressas de gelo durante dez minutos com intervalos de dez minutos. É importante respeitar este intervalo para proteger a pele e as articulações. É recomendado envolver o gelo em algum tecido para evitar danos à pele. Compressas quentes são péssimas, pois pioram o inchaço.

Alguns exercícios podem deixar o pé mais "inteligente" e prevenido contra as torções. Os pés precisam de estímulo. Uma pessoa sedentária, que não tem o costume de andar em terrenos acidentados, terá mais chances de torcer o pé do que alguém que está acostumado a pisar na areia ou praticar esporte.

Os exercícios de alongamento são importantes porque garantem a elasticidade dos músculos, tendões e ligamentos, de forma que sua resposta se torna mais sincronizada e segura. Quando ocorre torção, as estruturas alongadas e saudáveis estão mais capacitadas para se adaptar às condições extremas. Por isso, tem maiores chances de evitar lesões do que as estruturas "fora de forma".

Abaixo, listamos alguns dos exercícios recomendados:
Bate o pé - sentado, o movimento é de levantar e abaixar a ponta do pé como se estivesse batendo a parte da frente do pé. Este exercício trabalha principalmente o músculo tibial anterior, que fica na canela e é um dos responsáveis pela formação do arco plantar e pelo movimento de elevação da parte anterior do pé.
Fortalecimento de eversores - sentado ao lado da parede com uma bola, o pé fará um movimento como se estivesse “dando tchau". O objetivo é empurrar a bola contra a parede com a parte lateral do pé. Este exercício fortalece os músculos eversores do tornozelo, gerando maior estabilidade e tentando evitar a torção.
Andar na linha - caminhar em cima de uma linha com um pé na frente do outro. O objetivo deste exercício é melhorar o equilíbrio.
Andar com a ponta do pé para cima - caminhar com a ponta do pé para cima em linha reta. O objetivo deste exercício é melhorar o equilíbrio associado à contração isométrica do músculo tibial anterior.
Andar no colchão - caminhar em um colchão espesso, pode ser o de uma cama. O objetivo deste exercício é caminhar em um solo instável para gerar mais estabilidade para o tornozelo e melhorar o equilíbrio.

As fraturas na tibia, as fraturas dos metatársicos e dos dedos do pé, são as lesões agudas que comprometem com demasiada frequência os atletas do judô. A tenovaginite do músculo tibial anterior, do Aquiles e dos isquio-tibiais, em conjunto com as fraturas de fadiga do pé e da tíbia, são as lesões de sobrecarga mais presentes. A recuperação de tendinites e torções é feita adotando o repouso com aplicação de compressas e fisioterapia com maior frequência, já o período de recuperação dura em média de duas a oito semanas, que é um período longo para atletas competidores.

Isto nos leva a outra constatação, o não cumprimento ou cumprimento parcial da prescrição médica de reabilitação para a maioria dos atletas, o que, normalmente, pode ser um fator determinante para a reincidência, o famoso "mal curado".

Para prevenir as lesões é muito importante que o praticante de judô, quer tenha um envolvimento de lazer quer competitivo, faça sempre no início de cada época, um exame físico e clínico e que respeite as recomendações propostas pelo médico especialista em medicina do desporto.

Sendo certo serem as lesões de sobrecarga frequentes e numerosas no judô, também é certo as mesmas poderem ser evitadas e até resolvidas com algumas mudanças técnicas nas rotinas do treino e dos combates. A prevenção em geral destas lesões deve fundamentar-se sempre na adequada adaptação do atleta à sua modalidade. Este é sempre o primeiro procedimento a ter em conta, não só para se conseguir um bom desempenho, mas também para se prevenirem as lesões mais frequentes. sendo determinante uma cuidada aprendizagem e um treino adequadamente supervisionado pelo instrutor. Além disso, um programa de aquecimento e bem assim de arrefecimento, antes e depois da prática da atividade física, respectivamente, deverá ser sempre respeitado.

Sempre que surgir um sinal de alarme, sinalizador de uma eventual lesão de sobrecarga, a suspensão imediata da atividade deverá ser a norma e a avaliação por um especialista a regra. É ainda muito importante o atleta aprender a conhecer o seu corpo, de modo a não ter a tentação de ultrapassar as suas capacidades morfofuncionais.

Quanto à prevenção das lesões agudas e tendo em conta o seu aparecimento súbito e fortuito, deve fazer-se respeitando: as normas gerais e as limitações pontuais da modalidade durante os combates ou durante os treinos; o fair-play com os outros atletas; um regular programa de estiramento musculo-tendinoso em associação com um treino proprioceptivo global dos membros inferiores. (clique aqui e veja o que é treino proprioceptivo).

Como não custa repetir, aí vai, para prevenir a maioria das lesões, só há um jeito: treinar muito as quedas (ukemis) e alongamento antes e depois da atividade. O alongamento é obrigatório antes de iniciar qualquer sessão de exercícios. O tempo mínimo de prática deverá ser de 10 até 15 minutos. O alongamento permite um aquecimento da musculatura, através de um maior aporte de sangue para os músculos, preparando o sistema musculoesquelético para o exercício a ser realizado. O alongamento realizado de forma correta e sistemática, diminui a dor, tonifica os músculos, aumentando também a sua resistência. É preciso alongar todos os grupos musculares e não apenas aqueles que serão mais exigidos durante a sessão do exercício.

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