sábado, 2 de janeiro de 2016

Lesões no Judô - Parte 1 - Da Cintura Para Cima




É consensual que o judô proporciona uma excelente forma de exercício aeróbico e também de desenvolvimento do equilíbrio físico e mental e de melhoria da agilidade e da coordenação motora. Por isso, é muito praticado em todo o mundo, por todas as gerações e por todos os estratos sociais.

O judô abrange uma gama de técnicas permitidas em competições. São elas: Projeções, imobilizações, chaves, torções e estrangulamentos.
Todas são fundamentadas em princípios biomecânicos e podem causar sérios traumas aos adversários quando aplicadas com toda sua magnitude. Somente as imobilizações constituem um grupo que não têm como objetivo levar situações de perigo ao adversário e nem provocar lesões e que devido a esse fato não identificamos possíveis traumatismos decorrentes de suas aplicações. O objetivo das imobilizações é impedir os movimentos mais ofensivos do oponente, segurando-o em situações de submissão.

Antes de descrevermos os traumas associados às técnicas do Judô temos que relatar um tipo de lesão bastante comum à prática da luta livre e judô. Ela não está associada a nenhuma técnica em particular, mas sim as próprias características de constante contato corporal das modalidades, a lesão denominada como hematoma auricular. Quase 40% dos lutadores comunicam ter algum tipo de deformidade auricular permanente. Nesse caso de traumatismo auricular, o sangue acumula-se entre o pericôndrio e a cartilagem. Nova cartilagem se forma a partir do firme envoltório pericondrial, levando à deformidade da aurícula (a chamada "orelha de couve flor").

As lesões no Judô, por se tratar de um esporte de contato físico, são mais frequentemente traumáticas relacionadas a quedas ou imprevistos durante a luta, por isso seus praticantes devem sempre treinar ou competir com muita concentração, a fim de não perder a atenção para que não seja surpreendido, evitando assim um maior número de lesões.

Combater, agarrar ou golpear ou até o simples roçar do Kimono pode dar origem a pequenas lesões como equimoses, escoriações, lacerações, contusões ou feridas. Situações de maior gravidade como a fratura dos ossos do nariz, dos ossos da face, do crânio, ou ainda lesões nos olhos, na boca e nos dentes, são raras porém não impossiveis.

Ao comparar lutas com exercícios livres, as lesões no judô, na parte superior do corpo, ocorrem com maior frequência durante lutas competitivas. As principais lesões acontecem com atletas principiantes ou atletas de alto nível que tentam impedir uma queda.

As lesões mais comuns em competições são em primeiro lugar as escoriações localizadas principalmente em região da face, seguida pelas lesões musculares acometendo normalmente grandes grupos musculares. Em menor número, são as entorses que acontecem comumente na região dos cotovelos, das mãos e em dedos principalmente. E finalmente as luxações em articulação acrômio-clavicular, seguida pelas interfalangeanas. Fraturas em falanges, metacarpo, rádio, ulna, clavícula e costelas são pouco frequentes.

As técnicas de defesa no judô usualmente causam mais lesões que as técnicas de ataque.

No pescoço, pequenas lesões como equimoses e escoriações, são as mais frequentes. A aplicação de técnicas de estrangulamento que visam interromper o fluxo de ar para os pulmões e/ou sanguíneo para o cérebro. Apresentam um tipo de lesão ao lutador que não são encontradas em nenhuma outra manifestação desportiva. Elas proporcionam traumas que são unicamente consequentes das técnicas das lutas.

Por definição, estrangulamento é a asfixia mecânica onde ocorre uma constrição do pescoço, causando embaraço à livre entrada de ar no aparelho respiratório feito por meio de um laço acionado pela força muscular da própria vítima, ou de um estranho. No caso do Judô desportivo o laço pode ser feito com auxílio do Kimono.
Possíveis lesões: Equimoses de pequenas dimensões na face, nas conjuntivas, pescoço e face anterior do tórax; Infiltração hemorrágica em tela subcutânea e musculatura subjacente ao sulco; Rupturas musculares e Fraturas e luxações das vértebras cervicais; Morte, pelo impedimento da penetração do ar nas vias aéreas; por morte circulatória devido à compressão dos grandes vasos do pescoço que conduzem para o cérebro; por morte nervosa do mecanismo reflexo (inibição vagal).

Golpes em que são realizadas projeções do adversário acima da cabeça podem levar a um trauma direto da cabeça, que pode gerar graves lesões cervicais como o Ippon-seoi-nage realizado com os dois joelhos no solo.

A concussão cerebral é uma lesão traumática do cérebro, que pela energia aplicada lhe pode alterar o status mental ou causar-lhe outros sintomas de natureza neurológica. Os sintomas mais frequentes são a dor de cabeça, o enjoo, a náusea, a perturbação do equilíbrio, a dificuldade de concentração e os problemas de memória. Estes sintomas podem manter-se por alguns minutos, dias, semanas ou mesmo meses, em alguns casos. Todo o atleta que sofra uma concussão, independentemente da sua magnitude, deve ser obrigatoriamente submetido a uma primeira avaliação no local onde sofreu a lesão e posteriormente e em tempo útil, a uma observação clínica por médico qualificado para o efeito.

Atualmente algumas regras foram alteradas durante as competições a fim de diminuir o risco de lesões. Alguns golpes são proibidos de ser aplicado durante a competição levando o atleta que as utiliza a desclassificação como, por exemplo, o soto-maki-komi, responsável por uma alta incidência de luxação acrômio-clavicular, uma vez que o adversário pode sofrer um trauma direto com o solo.

O tratamento no momento da lesão é semelhante em todos os casos: aplicação de gelo local, imobilização da área afetada, seguida da procura de em serviço médico, onde possa ser realizada uma avaliação mais minuciosa do quadro em que o paciente se encontra, podendo assim traçar condutas para cada caso.

A utilização do gelo é recomendável na presença de dor ou edema, independente do grau da lesão ou da fase de reabilitação em que o paciente se encontra.

Ataques a estruturas articulares que visam suas imobilizações e extensões além das respectivas amplitudes de movimento. A técnica mais utilizada é a que hiperextende as articulações do cotovelo conhecidas como juji-gatame (arm-lock), ude-garami. Essa técnica pode levar a uma diminuição da amplitude de movimento e dor, pois o movimento feito de forma violenta, ou com repetição contínua, pode causar uma cicatrização da cápsula dentro da articulação do cotovelo e lesão com cicatrização muscular na sua porção anterior. e as torções que atacam a coluna vertebral ("Cervical").
De maneira geral pode ocasionar traumas do tipo: Estiramentos de primeiro a terceiro grau, Entorse de primeiro a terceiro grau, Subluxação articular, Luxação articular, Fraturas articulares, Defeitos osteocondrais (DOCS) e Tetraplegia (somente para "Cervical").
As lesões cervicais também podem causar danos neurológicos, viscerais e de grandes vasos. Danos neurológicos podem ser identificados e terem sido causados por secção, contusão, compressão e isquemia medular. Na coluna lombar as lesões que com mais frequência limitam o atleta, centram-se nos discos intervertebrais e nas articulações inter-apofisárias da região lombar. Para a prevenção das lesões de sobrecarga em particular na coluna lombar, devem os atletas apoiar-se num programa de treino de carácter neuromuscular com bastante regularidade. Definitivamente, a prevenção destas lesões deve apoiar-se ainda no bom senso do atleta e do treinador ou preparador físico, ao longo do desenvolvimento do treino. A pressão destes, no sentido do treino excessivo terá que ser limitada.

O ombro é de longe a área anatômica mais envolvida por lesões, dentre elas as mais frequentes são as luxações que é o termo empregado quando há perda de contato entre os ossos que compõem uma articulação. No caso do ombro as principais lesões são: a luxação gleno-umeral, luxação da articulação composta pelo úmero (osso do braço) e pela Glenóide (parte da escápula) e a luxação acromioclavicular, luxação entre a clavícula e o acrômio: A luxação acromioclavicular ocorre por trauma direto na parte de trás do ombro (escápula), comumente por queda.



Essas Luxações apresentam diferentes tipos de tratamento dependendo de sua gravidade. O Raio X é o exame mais indicado para o conhecimento anatômico da articulação, após a lesão. O uso de tipóia é recomendável a fim de manter o membro lesado em repouso.

Para lesões menos graves onde ocorre entorse das articulações o tratamento é conservador utilizando o repouso de 1 a 6 semanas, conforme o caso, a fim de agilizar o processo de retorno ao esporte, porém lesões em que ocorram perda total do contato entre clavícula e o acrômio é feito repouso e imobilização por várias semanas e retorno ao esporte após 3 meses. Em alguns casos o tratamento cirúrgico é o mais recomendável. A fisioterapia tem como principal objetivo nesse tipo de lesão a diminuição da queixa de dor, utilizando gelo ou eletroanalgesia, além de acelerar o processo de cicatrização com o auxílio de aparelhos de calor superficial e profundo.

As lesões musculares são freqüentes no Judô por se tratar de um esporte de contato em que é necessário o uso de grande força por parte de seus praticantes, levando a sobrecarga muscular ou por trauma direto. Na parte superior do corpo é mais comum a contratura do qua distensão muscular. A contratura é quando o músculo fica mais curto e enrijecido, o que causa dor e restrição dos movimentos. Os músculos na parte superior das costas são os mais afetados, dá aquele torcicolo, sabe? Enquanto as distensões ou estiramentos são mais comuns nos membros inferiores.

A mão deve ser considerada como um instrumento de trabalho para os praticantes do Judô, por isso, todos os cuidados devem ser realizados em casos de lesão nessa estrutura.

Nas mãos os dedos sofrem pequenas lacerações, entorses e luxações interfalângicas. Com a ocorrência de lesão, deve-se realizar a imobilização da região afetada e realizar a procura de um serviço médico especializado a fim de realizar testes e exames específicos para definir a gravidade e localizar as estruturas lesadas. Algumas lesões ligamentares podem ter indicação cirúrgica dependendo da queixa referida pelo paciente podendo ser instabilidade, dor ou perda de força. Quando definido o tratamento conservador podemos utilizar o gelo em imersão, Ultra-som em imersão de água e mobilizações com movimentos passivos e acessórios visando a manutenção da ADM (amplitude do movimento). O tempo médio de cicatrização de lesões ligamentares é de 3 a 4 semanas.

Para prevenir a maioria das lesões, só há um jeito: alongamento antes e depois da atividade. O alongamento é obrigatório antes de iniciar qualquer sessão de exercícios. O tempo mínimo de prática deverá ser de 10 até 15 minutos. O alongamento permite um aquecimento da musculatura, através de um maior aporte de sangue para os músculos, preparando o sistema musculoesquelético para o exercício a ser realizado.

O alongamento realizado de forma correta e sistemática, diminui a dor, tonifica os músculos, aumentando também a sua resistência. É preciso alongar todos os grupos musculares e não apenas aqueles que serão mais exigidos durante a sessão do exercício.

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