quinta-feira, 25 de junho de 2015

O Judô no Brasil


As primeiras referências que encontramos quanto à introdução do Judô no Brasil, datam de muitos anos após a criação desta arte-esporte no Japão, pelo mestre Jigoro Kano.

A história do judô no Brasil é tão antiga quanto a presença japonesa em nosso território. A arte marcial desembarcou por aqui junto com os primeiros imigrantes nipônicos vindos no navio Kasato Maru, que ancorou no Porto de Santos, litoral paulista, em 18 de junho 1908. Com os recém-chegados, o judô subiu a serra e foi parar nas fazendas de café do interior do Estado de São Paulo, onde muitos dos imigrantes trabalharam como lavradores. Nas fazendas, os japoneses formavam suas colônias e dentro delas, restritamente, cultivavam inúmeros hábitos típicos de sua terra natal; entre os quais, a prática do judô. Assim como os outros hábitos, o cultivo do judô dentro da colônia japonesa servia para que matassem a saudade da Terra do Sol Nascente. Mas nesse primeiro momento não havia a intenção de compartilhar a arte marcial com os brasileiros.

Com referência ao judô, entretanto não há registros de nomes, datas ou locais. Mas foi no início dos anos vinte que o judô chegou ao Brasil, impressionando os esportistas pela facilidade com que se venciam os desafios feitos aos nossos lutadores, há ainda quem cite um certo professor Miura que teria ensinado judô em nossa pátria por volta de 1903.

A multiplicidade de datas pela forma como foi introduzido o judô em nosso país é difícil de explicar, pois de um lado há uma corrente formada pelos pioneiros do Kasato Maru e subseqüentes, que se dedicando a outros misteres, principalmente a agricultura, faziam do judô um derivativo, uma atividade social, uma forma de manter laços e apagar a saudade da pátria longínqua. Poderia se dizer que praticavam um judô localizado, restrito a pequenos grupos e sem fins lucrativos. O primeiro registro com referência a esse grupo iriam para Tatsuo Okoshi, que chegou ao Brasil em 1924, seguindo-se Katsutoshi Naito, Sobei Tani, Ryuzo Ogawa e outros mais.

Por outro lado, o verdadeiro impulso foi no inicio da década de vinte, através de outra corrente onde estavam os "lutadores", isto é, aqueles que lançando e aceitando desafios, lutando publicamente, além de buscarem a implantação do judô entre nós, faziam disso uma forma de subsistência ou complementação financeira. Entre este colocaríamos Eisei Mitsuyo Maeda (Conde Koma) e Soishiro (Shinjiro) Satake, alunos de Jigoro Kano, Takagi Saigo, Geo Omori, Yasuichi Ono. O início do judô no Brasil ocorreu sem instituições organizadoras. Apenas na década de 1920 e início dos anos 1930 chegaram ao Brasil os imigrantes que conseguiram organizar as práticas do judô e kendô no país.

A primazia pode realmente estar com os japoneses do Kasato Maru, entretanto a forma mais válida e que melhores resultados trouxeram na época foi à atuação dos lutadores, que atingiam com seus espetáculos um número bem maior e de forma mais positiva os possíveis interessados. Com o passar do tempo essa situação inverteu-se, já não mais havendo os espetáculos como eram proporcionados naqueles tempos. Assim se uns chegaram primeiro, os outros atuaram de forma mais objetiva e eficiente para a implantação do judô naquela época.

Foi em 1914 que chegou ao Brasil Eisei Mitsuyo Maeda, tendo ele a seu crédito o primeiro registro nos anais da história do judô brasileiro, aceitando desafios e ganhando todos, promovendo assim esse esporte. Radicou-se finalmente em Belém do Pará, onde montou sua escola com algum sucesso.
Maeda nasceu em 18 de novembro de 1878, no povoado de Funazawa, cidade de Hirosaki, provincia de Aomori, (bem ao norte da ilha de Honshu) e não era de origem nobre. Frequentou a escola Kenritsu Itiu (atualmente Hirokou — uma escola de Hirosaki). Quando criança era conhecido como Hideyo. Quando adolescente, praticou sumô, mas sentia que faltava o ideal para prosseguir nesse esporte. Por este motivo e devido ao interesse gerado pelas notícias sobre o sucesso do judô, principalmente em competições entre judô e jiu-jitsu no qual na maioria das vezes o judô ganhava que estavam ocorrendo naquela época, ele então mudou para esse esporte. Em 1894, aos dezessete anos de idade, seus pais lhe enviaram a Tóquio para se matricular na Universidade de Waseda, onde começou no ano seguinte, a praticar o judô do Kodokan (numa tradução adaptada Instituto de Estudos do Judô).

Ao chegar no Kodokan, Maeda, com 1,64 m de altura e 64 kg, foi confundido com um garoto de entrega, devido a sua origem, tamanho e maneira que com se comportava. Então, o fundador do judô, Jigoro Kano prontamente lhe enviou à Tsunejiro Tomita (4 º dan), que era o menor dos professores do Kodokan. Essa atitude foi uma medida tomada para mostrar que, no judô, o tamanho não era importante. O sensei Tomita foi o primeiro judoca do Kodokan e era um amigo próximo de Jigoro Kano. Segundo a Koyassu Massao (9 º dan): "Entre os quatro do Kodokan, foi Tomita que recebeu a maior quantidade dos ensinamentos do sensei Jigoro Kano ... isso por que Tomita não foi um tão bem sucedido lutador como Saigo, Yamashita e Yokoyama, mas, foi excepcionalmente aplicado nos estudos, e foi também fluente em língua inglesa ...

Embora um dos mais fracos do Kodokan, Tomita era capaz de derrotar o grande campeão de jiu-jitsu desse tempo, Hansuke Nakamura, do estilo tenjin shinyō-ryū.

Juntamente com Soishiro Satake, Maeda foi um dos que encabeçaram a segunda geração do Kodokan, que substituiu a primeira até o início do século XX. Satake, com 1,75 m e 80 kg, era inigualável no sumô amador, mas admitiu que ele próprio não foi capaz de igualar a Maeda no judô. Satake, mais tarde, viajou a América do Sul com Maeda e se estabeleceram em Manaus, Amazonas, enquanto Maeda continuou viajando. Satake se tornaria o fundador, em 1914, da primeira academia historicamente registrada no Brasil. Ele e Maeda são considerados os pioneiros do judô no Brasil.

Naquela época, havia poucos graduados no Kodokan. Maeda e Satake foram os primeiros professores graduados na Universidade de Waseda, ambos sandan (3º dan), juntamente com Matsuhiro Ritaro (nidan ou 2º dan) e seis outros shodans(1º dan). Kyuzo Mifune, matriculado no Kodokan em 1903, atraiu a atenção de Maeda, que comentou: "Você é forte e competente, portanto, certamente vai deixar a sua marca no Kodokan..." No entanto, Mifune teve aulas com Sakujiro Yokoyama. Mais tarde, Mifune disse a Maeda que suas palavras foram fundamentais e de um grande incentivo para ele, e que ele tinha Maeda como a maior admiração, embora Yokoyama fosse seu sensei (instrutor).

De acordo com Mifune, em 1904, Maeda perdeu para Yoshitake Yoshio, depois de derrotar três adversários em sucessão, mas em uma sequência tsukinami shiai derrotou oito adversários em seguida e recebeu a categoria de 4º dan (yondan). Ainda em 1904, Mestre Jigoro Kano aconselhou Maeda a viajar para os Estados Unidos a fim de mostrar aos americanos as habilidades das artes marciais japonesas. Antes de partir, recebeu o quarto grau das mãos de seu mestre. Tomita, Maeda e Satake partiram de Yokohama, em 16 de novembro de 1904, e chegaram a Nova York no dia 8 de dezembro de 1904. Quando Maeda deixou o Japão, o Judô era ainda conhecido como “Kano Ju-Jutsu" ou ainda, mais genericamente apenas “Ju-Jutsu”.


Yasuichi Ono, Soishiro Satake, Tokugoro Ito e Mitsuyo Maeda em 1912

Maeda viajou para diversos locais realizando lutas e demonstrações, entre eles: a Espanha, Rússia, Alemanha, Itália e Inglaterra, México, Cuba, América Central e a América do Sul em 1913 e 1914.

Mifune, afirmou que Maeda foi um dos maiores promotores do judô, não através de ensinamentos, mas através de seus combates, muitos destes, com competidores de outras disciplinas.7 Maeda tratava alunos experientes e inexperientes, da mesma forma, tratando-os como se fosse um combate real. Ele argumentou que esse comportamento era uma medida de respeito para com seus alunos, mas foi muitas vezes incompreendido e assustou muitos jovens, que o abandonavam em favor de outros professores.

De acordo com uma cópia do passaporte de Maeda fornecido por Gotta Tsutsumi, presidente da Associação Paramazônica Nipako de Belém, Maeda chegou ao Brasil, vindo da Argentina, pela cidade de Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, em 14 de novembro de 1914, porém a história contada no site da CBJJ que foi na cidade de Santos São Paulo onde ele desembarcou primeiro ao chegar no Brasil. Foi na própria Porto Alegre que fizeram, então, sua primeira demonstração de judô. Depois disso, Maeda e seus companheiros se apresentaram ao longo do país: passando por Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, São Luiz, Belém. Em 18 de dezembro de 1915 em Manaus. Em 20 de dezembro de 1915, chegaram a Belém, onde se apresentaram no Theatro Politheama. Na ocasião da primeira apresentação em Belém, o jornal da cidade "O Tempo", anunciou o evento, afirmando que "Conde Koma" iria mostrar as principais técnicas do "jiu-jitsu" exceto aqueles proibidos. Maeda também demonstrou técnicas de auto-defesa. Depois disso, o grupo começou a aceitar desafios da multidão, e a pedido de todos, houve uma luta "sensacional" de "jiu-jitsu" entre Shimitsu, campeão da Argentina, e Laku, militar peruano e professor.

Em 22 de dezembro de 1915, de acordo com o jornal "O Tempo", Maeda enfrentou Satake, numa "sensacional luta". No mesmo dia, Nagib Assef, um campeão australiano de origem turca de luta greco-romana, desafiou Maeda, que não quis lutar na ocasião. Em 24 de dezembro de 1915, Maeda derrotou em segundos o pugilista Barbadiano Adolpho Corbiniano, que se tornou um dos seus discípulos. Em 3 de janeiro de 1916, no Theatro Politheama, Maeda finalmente lutou contra Nagib Assef, que foi jogado por Conde Koma, para fora do palco. Em 8 de janeiro de 1916, Maeda, Okura e Shimitsu embarcaram no SS Antony, que partiu para Liverpool. Ito Tokugoro foi para Los Angeles. Satake e Laku foram para Manaus, onde ensinariam jiu-jitsu. Após 15 anos juntos, Maeda e Satake haviam finalmente se separado. Desta última viagem, pouco se sabe. Maeda viajou da Inglaterra para Portugal, depois foi para Espanha e, em seguida, para França, voltando para o Brasil em 1917 sozinho. De volta ao Brasil, Maeda fixou-se em Belém do Pará, onde casou com May Iris. Depois adotou Celeste e Clívia, suas únicas filhas.


Maeda, May Iris e uma das filhas

Em 1917 Carlos Gracie, 14 anos, filho de Gastão Gracie, assistiu a uma demonstração dada por Maeda, no Teatro da Paz, e decidiu aprender judo (conhecido na época como "kano jiu-jitsu"). Maeda aceitou Carlos como um estudante. Carlos passou, então, a ser um grande expoente da arte e, finalmente, com o seu irmão mais novo, Hélio Gracie, tornou-se o fundador do gracie jiu-jitsu, ou modernamente chamado de "brazilian jiu-jitsu" ou, "jiu-jitsu brasileiro". Entre estes alunos, estava também Luiz França que, mais tarde seria mestre de Oswaldo Fadda. Ambos seriam os responsáveis pelo surgimento de outro ramo do jiu-jitsu no Brasil.

Maeda era popular no Brasil, e reconhecido como um grande lutador, mas ele lutou apenas esporadicamente após o seu retorno. Entre os ano de 1918-1919, Maeda aceitou um desafio do famoso capoeirista brasileiro conhecido como "Pé de Bola". Maeda, permitiu até que Pé de Bola usasse uma faca na luta. O capoeirista tinha 1,90 m de altura e pesava 100 kg. Mas, mesmo armado, Maeda venceu a luta facilmente usando o judô. Em 1921, Maeda fundou sua primeira academia judô no Brasil no Clube do Remo, bairro da cidade velha, e sua construção foi num galpão de 4m x 4m. Mais tarde, a escola foi transferida para a sede do Corpo de Bombeiros, e depois para a sede da Igreja de Nossa Senhora de Aparecida. Desde 1991, a Academia situa-se no SESI, a saber, é dirigida pelo sensei Alfredo Mendes Coimbra, da terceira geração de descendentes do Conde Koma.

Em 18 de setembro de 1921, Maeda, Satake, e Okura foram brevemente para Nova York. Eles estavam a bordo do navio a vapor Booth Line SS Polycarp. Todos os três homens foram listados em suas profissões como professores de "juitso". Depois de deixar Nova York, os três homens foram para o Caribe, onde permaneceram de setembro a dezembro de 1921. Em algum ponto nesta viagem, Maeda foi acompanhado por sua esposa. Em Havana, Satake e Maeda participaram de alguns torneios. Seus adversários incluíram Paul Alvarez, que lutou como "Español Icognito". Alvarez derrotou Satake e Yako Okura, antes de ser derrotado por Maeda. Maeda também derrotou um boxeador cubano chamado Jose Ibarra, e um lutador francês chamado Fournier.

Na década de 20 Maeda se envolveu na ajuda a imigrantes japoneses perto de Tomé-Açu, quando teve início o processo da imigração japonesa, participou ativamente do projeto servindo como intérprete e mediador do interesse japonês e do governo do estado. Continuou também a ensinar o judô, principalmente para os filhos dos imigrantes japoneses. Em dezembro de 1928 quando foi fundada em Belém a Companhia Nipônica de Plantações do Brasil S/A, fez parte da sua diretoria assumindo o cargo de conselheiro fiscal. Que foi parte de uma grande extensão da Floresta Amazônica reservada para o estabelecimento de japoneses pelo governo brasileiro. No inicio as lavouras cultivadas pelos japoneses não eram populares entre os brasileiros, na época, a colônia de imigrantes japoneses foi vista pelos antinipônicos como estratégia do Império do Japão em utilizar seus imigrantes instalados em "verdadeiros latifúndios" para promover, no futuro, o domínio político e militar sobre o Brasil.

Em 1929, o Kodokan lhe promoveu ao sexto dan. Em 11 de março de 1930, naturalizou-se brasileiro com o nome de Otávio Mitsuyo Maeda. E em 27 de novembro de 1941, o Kodokan lhe promoveu ao sétimo dan. Mas Maeda nunca soube desta promoção, porque faleceu em Belém, em 28 de novembro de 1941, aos 63 anos. A causa da morte foi doença renal, sendo sepultado no cemitério Santa Isabel. Em maio de 1956, um memorial para Maeda foi erguido em Hirosaki, Japão. Cerimônia de inauguração contou com a presença de Risei Kano e Kaichiro Samura.

Ainda em 1924 ou 1925 chega Takagi Saigo, instalando-se em São Paulo e como não obteve bons resultados, prontamente voltou ao Japão.

Nessa mesma época chegou também Tatsuo Okoshi, membro do Kodokan e kodansha (nono dan, faixa vermelha, distinção máxima do esporte), que teve participação bem maior no desenvolvimento do judô brasileiro. Foi o fundador e primeiro presidente no Brasil da Associação dos Faixas Pretas do Kodokan e em 1958, também ajudaria a fundar e seria o primeiro diretor técnico da Federação Paulista de Judô (FPJ), a primeira federação estadual do País.

Mas Okoshi teve muita ajuda. E um dos seus aliados na difusão do esporte foi a chegada, em 1928, foi de Katsuoshi Naito, 7º dan, que se radicou em Suzano, São Paulo. Sua participação na organização e consolidação do nosso judô foi marcante. Ocupou pela primeira vez a função de diretor do departamento de judô da Federação Paulista de Pugilismo, então mentora oficial do nosso esporte, antes da fundação da Federação de Judô. Por estar numa cidade do interior, Naito era a principal figura do que à época se chamava Kodokan do interior, enquanto Okoshi era o homem-forte do kodokan da capital.

Seria também em 1928 que chegou Geo Omori, lutador extraordinário, que lançando e aceitando desafios, muitos deles no antigo Circo Queirolo, em São Paulo, a exemplo de Mitsuyo Maeda, ganhava sempre e assim chamando a atenção e contribuindo à sua maneira para manter viva a tênue chama que mais tarde viria transformar-se num dos maiores esportes brasileiros.

Outro a chegar em 1928 foi Yasuichi Ono, então 3º dan, que também aceitando desafios e trabalhando com extrema dedicação pelo judô, fez jus a que seu nome fosse inscrito com todo mérito e justiça nas páginas da história do nosso esporte. Em 1932 abre a sua primeira academia, mãe de muitas outras que prosperaram e dão continuidade ao trabalho do grande mestre, hoje 9º dan.

Somente nas décadas de 1930 e 1940 alguns professores se dedicaram à divulgação e à prática do judô, com a corrente migratória japonesa que se instalava em São Paulo, muitos outros mestres surgiram iniciando a prática do judô nas colônias interioranas de São Paulo, na Cidade do Rio de Janeiro, na Baixada Fluminense e em Itajaí.

Grandes mestres se destacaram, mas, persistiam alguns mantendo a antiga denominação de ju-jutsu, originando discussões, dissociando uma denominação da outra, obrigando aqueles que se empenhavam na divulgação do judô a um exaustivo trabalho de doutrinação chegando, muitas vezes, ao extremo de aceitar desafios, para confronto entre seus participantes. Ainda na década de 1930, mais precisamente em 1931 chega Sobei Tani, 6º dan, estabelecendo-se com sua academia em Jaraguá, São Paulo, de onde saíram grandes campeões como os irmãos Shiozawa, Koki Tani e outros. Outros mais foram chegando e localizando-se no interior, levando para diversas regiões onde a imigração japonesa era mais intensa, o esporte que só mais tarde iria frutificar e tornar-se popular. Chegava ainda ao Brasil em 1934 o mestre Ryuzo Ogawa, 8º dan, fundando a academia Ogawa (Budokan), com o único objetivo de aprimorar a cultura física, moral e espiritual, através do esporte de quimono (keikogi), obedecendo aos princípios morais e filosóficos pregados pelo mestre Jigoro Kano. Não se poderá deixar de reconhecer que o grande passo para o crescimento do judô no Brasil foi iniciado com o mestre Ogawa, em 1938, quando o mesmo juntamente com um grupo de idealistas oriundos do longínquo Japão, começaram um trabalho de amplos ideais, que visava projetar este nosso esporte na preferência dos brasileiros, separando-o definitivamente do ju-jutsu. Esse trabalho foi à conquista final para a confirmação do judô no Brasil, sobrepondo-se ao ju-jutsu e expandindo-se rapidamente para o interior, onde em algumas regiões, embora muito discretamente já era praticado. Com a mesma intensidade e rapidez investiu também para outros estados, alastrando-se praticamente por todo Brasil.

Na década de 1940 consolida-se o prestígio do judô em todo o Brasil, esclarecidas as dúvidas quanto às suas origens do antigo ju-jutsu, propagando-se a sua prática no Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, dentre outros estados, fundando-se novas academias e crescendo o número de seus praticantes.

Assim a mercê do esforço e dedicação de japoneses e brasileiros, o judô progride a passos largos. Em São Paulo, no ano de 1951 foi realizado o seu primeiro campeonato oficial. Em 1954 o Rio de Janeiro também realiza o seu. Ainda em 1954, realiza-se o primeiro Campeonato Brasileiro, tendo como sua maior expressão o judoca Massayoshi Kawakami, campeão nas categorias 3º dan e absoluto. Em 1956, o Brasil participa pela primeira vez de uma competição no exterior, mais precisamente do II Campeonato Pan-Americano, realizado em Cuba, ficando em honroso segundo lugar. Formavam a equipe os judocas Massayoshi Kawakami, Sunji Hinata, Augusto Cordeiro, Luiz Alberto Mendonça, Hikari Kurachi e Milton Rossi.

Continuando com mais força nos anos 50 o já vigoroso crescimento da década de 40, necessário se faz à criação de um órgão mentor para dirigir, coordenar as atividades judoísticas em franco desenvolvimento. Para essa coordenação funda São Paulo a sua federação em 17 de abril de 1958, e o Rio de Janeiro em 09 de agosto de 1962. Dirigia na época o judô no Brasil a Confederação Brasileira de Pugilismo. Dia a dia acentuava-se a necessidade de um órgão nascido nos próprios meios judoísticos, dedicando-se exclusivamente ao judô, que o representasse a nível nacional e internacional. Assim em 18 de março de 1969 foi fundada a Confederação Brasileira de Judô, tendo como seu primeiro presidente Paschoal Segreto Sobrinho.

Em 22 de fevereiro de 1972, foi a Confederação Brasileira de Judô reconhecida oficialmente, sendo então o seu presidente até o início de 1979, Augusto de Oliveira Cordeiro.

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