sábado, 18 de abril de 2015

Judô e Fundamentos


O Judô

O Judô foi fundado em 1882 no Japão pelo professor Jigoro Kano, que conhecia a pedagogia moderna e os ideais físicos.
O Judô tem sua origem no Jiu-Jitsu, antiga técnica japonesa de combate praticada por Kano, o professor Kano devotou a sua vida a educação e a popularização do Judô, que hoje faz parte dos Jogos Olímpicos (o único esporte Olímpico que tem origem Asiática).
O significado de Judô é JU=Suave e DO=Caminho.

Fundamentos

PREPARAÇÃO / AQUECIMENTO (TAISÔ)

Deve-se tomar cuidado para não entrar “frio” em um treino ou competição, pois as chances de sofrer um estiramento, uma torção ou mesmo um súbito é grande.
É indispensável uma preparação na qual vá gradativamente se aquecendo e preparando o corpo para uma carga de esforço maior e mais prolongada.

ROLAMENTOS E QUEDAS (UKEMI)

Quando estava na preparação para o lançamento de seu estilo de luta, Jigoro Kano deu uma especial atenção à integridade física do atleta, já que os outros estilos de luta mostravam-se negligentes nessa área e incentivavam golpes perigosos.
Na impossibilidade de eliminar as quedas, consequência natural dos golpes de arremesso, o mestre aperfeiçoou técnicas que praticamente anulam as possibilidades de acidente.
A prática do UKEMI proporciona um excelente senso de equilíbrio e proteção, mesmo uma queda fora do tatame terá seus efeitos sensivelmente diminuídos ou até anulados. Quando fazemos o ukemi, devemos oferecer a maior área possível para o impacto (as costas) e fazer o batimento de mãos e braços para emitir uma contra onda de choque, a fim de atenuar a batida das costas contra o tatame. Quanto às quedas com rolamento, o ideal é tornar o corpo uma bola e aproveitar o impulso para rolar, diminuindo ou eliminando o impacto.
Mesmo depois de ter recebido a ambicionada faixa preta, um grau avançado de prática e conhecimento, o praticante deve continuar a ter o Ukemi como preocupação constante.

PEGADAS (KUMI-KATA)

O Kumi-kata pode ser aplicado pela direita ou esquerda (migi ou Hidari), dependendo do braço que se distende e segura a gola do quimono (judogi) do adversário. O outro braço deve ficar por fora e segurar a parte externa da manga (sodê).
Pela pegada um adversário pode dominar neutralizar ou abortar um ataque em formação ou já iniciado, em toda a sua extensão.
Para uma boa pegada é necessário ter uma boa base e força nos braços, nos pulsos, nas mãos e nos dedos. A base é o posicionamento dos pés, pernas e tronco, quando em posição de defesa tornam-se um bloco firme, coeso e resistente.

DESEQUILÍBRIO - POSICIONAMENTO - ARREMESSO (KUZUSHI-TSUKURI-KAKE)

O Kusushi casa-se perfeita e harmoniosamente com a máxima de Jigoro Kano: um mínimo de força para o máximo de eficiência.
Alguns estudiosos da obra do grande mestre acreditam ter sido a sua maior contribuição o fato de ter analisado, dividido e dado nome às fases de projeção, ou seja, Kusushi, Tsukuri e Kake. Isso teria possibilitado o aprimoramento das técnicas já existentes e a criação de outras que viriam enriquecer a arte.
Na aplicação de um golpe há duas possibilidades, uma é escolher a técnica e depois preparar o adversário para recebê-la, e a outra é aproveitar um eventual desequilíbrio para aplicar a técnica mais conveniente e oportuna. Em ambos os casos, a quebra de equilíbrio do adversário ou a preparação, recebe o nome de Kuzushi e pode ser direcionada pra qualquer um dos pontos cardeais ou colaterais, proporcionando oito direções possíveis.
Continuando seu esforço, o judoca se coloca em posição para o arremesso. Essa posição ideal para o lançamento do adversário, é chamada de tsukuri.
O próprio momento do arremesso, a execução final do golpe é o kake.

TREINAMENTO (GUEIKO)

- TENDOKU-RENSHIU – Sombra ou treinamento solitário, com ou sem espelho ou aparelhos em que se procura lapidar os golpes e melhorar a rapidez.
- UCHI-KOMI- Possível aos pares e também em trio. Visa o aprimoramento das técnicas, da rapidez e da força localizada. Dá-se vulgarmente o nome de “entrada”, porque faz o Kuzushi e o tsukuri, para e volta ao início, sem completar o arremesso.
- YAKO-SOKU-GEIKO – Treino aos pares, livre e bem leve, sem defesa com o movimento “solto”. Explora toda e qualquer chance de golpe. Visa principalmente condicionar os sentidos para o aproveitamento das oportunidades que se oferecem durante o combate.
- KAKARI-GEIKO- É o ataque consecutivo de esquerda e direita, com defesa leve do companheiro que apenas utiliza o Tai-sabaki. Este treinamento também é excelente para o condicionamento físico.
- RENRAKU-RENKA-WAZA- Este treinamento permite o estudo e aperfeiçoamento das técnicas que se concatenam e se completam, se combinam.
- KAESHI-WAZA – É o treinamento dos contragolpes.
- RANDORI – É o treinamento livre e completo, onde o atleta emprega todo o seu conhecimento e capacidade. É onde se testa a própria eficiência para conhecer os pontos negativos e possibilidades. Pode-se dizer que é a prova final antes do Shiai. - SHIAI- É o combate, a meta final para a qual o atleta se prepara por longos períodos. É onde em poucos minutos ou mesmo segundos todo o esforço pode ser coroado com êxito, ou momentaneamente posto por terra. No caso da derrota, o judoca deve raciocinar procurar a falha e corrigi-la, para na próxima tentativa obter a vitória almejada.

PEGADAS NAS POSIÇÕES DE DEFESA (FUSEGUI)

Dicas para as pegadas:
1 - Fique em posição de defesa semelhante à do oponente. Por exemplo: se ele estiver na posição direita, fique também na direita e vice-versa. Também é importante manter a posição oposta à do adversário.
2 - Os braços devem ficar tensos e o corpo deve estar flexível e descontraído. Os principiantes sentirão dificuldades, mas com o tempo irão se acostumando a controlar os braços.
3 - Ao mesmo tempo em que o judoca aplica as várias técnicas que conhece, ele deve mudar de posição no confronto com o oponente. O objetivo é desenvolver a variedade e versatilidade das técnicas.
4 - Ao iniciar o confronto, segure o casaco do adversário mantendo sempre o dedo mínimo e o anelar juntos. Outra recomendação: ao agarrar o casaco comece pelo dedo mínimo e anelar. Na hora de puxar, acrescente o indicador e relaxe o polegar. É recomendável deixar o polegar descansar ligeiramente no casaco do oponente para que a movimentação dos pés não seja perturbada pela tensão sobre esse dedo.
5 - Um procedimento errado que muitos judocas costumam colocar em prática é fazer a puxada segurando no colarinho do oponente. O certo é segurar pelas mangas.
6 Os veteranos sabem que o importante é antecipar e ler os movimentos do oponente, as ações e variações empregadas através da pele, da carne, do osso e do clima do momento. Esta habilidade, no entanto, só será notada com muito treinamento.

MOVIMENTOS DE ESQUIVA (TAI-SABAKI)

A perfeição e a habilidade com que o judoca aplica o golpe dependem muito dos movimentos de avanço e recuo (SHINTAI) do corpo. Se eles estiverem corretos, a posição ideal será alcançada sem esforço. O controle dos movimentos de esquiva envolvem cinco partes:
1 - Cabeça (ATAMA) - Manter a Postura da cabeça de modo que ela se apoie sobre o corpo todo e não apenas sobre o ombro.
2 - Respiração (IKI) - Ordenando a respiração, o raciocínio flui corretamente e os golpes terão a eficácia desejada. Se a respiração não estiver em ordem, é recomendável manter-se afastado do adversário, respirando profundamente e tranquilizando o espírito. Voltando ao estado normal, contraia o abdômen e concentre sua força.
3 - Tronco (DOO) - O lutador pode torcer o tronco, dobrá-lo para frente ou incliná-lo para traz a fim de escapar dos ataques do adversário. Esses movimentos podem ser usados também para o ataque.
4 - Mãos (TÊ) - Se o oponente agarra seu pulso, você pode se libertar aplicando-lhe um simples movimento de mão.
5 - Pés (ASHI) - Realizado conjuntamente com os movimentos do resto do corpo. Os pés se movimentam para frente, viram no ar, golpeiam, etc. Sempre que estiver lutando, o judoca deve utilizar os movimentos corporais conjuntamente. Só com perfeito domínio de todos os elementos os golpes atingirão a perfeição. Se algum golpe não funcionar, é porque alguma parte do corpo não está respondendo ao controle da mente.

A FORÇA

A força é necessária ao judô, mas não é o mais importante. Ela deve ser usada com método e discriminação. Se o judoca for privilegiado e tiver um corpo musculoso, deverá usar essa massa seguindo os preceitos de harmonia contidos na filosofia de Jigoro Kano. Só assim poderá transformar-se num campeão. A força bruta sozinha nunca servirá como canal, para que, de um judoca surja um grande mestre.
A força do espírito deve estar acima do uso da força física. Esta máxima do judô significa que você deve sempre conservar o espírito calmo, mas nunca demasiadamente relaxado, a ponto de perder a noção do que está ocorrendo à sua volta no TATAME. Significa também que dar preferência à força bruta tira a liberdade do corpo e restringe o progresso das pessoas nas técnicas.

OS SEGREDOS DA FORÇA

1 - Se o adversário empurrar puxe-o, se puxar empurre-o.
Suponhamos que o oponente tenha uma força igual a seis e você uma força igual a quatro. Se um estiver se esforçando para puxar o outro, em direções opostas, é lógico que o quatro perderá para o seis, mas se o mais fraco puxar em vez de tentar compensar a força do adversário estará somando quatro com seis e poderá derrubá-lo facilmente.
Tenha cuidado: Não tente puxar o oponente depois que ele o empurrou, pois será tarde demais. Do mesmo modo, não tente empurrá-lo quando ele ainda não o puxou, ou você ficará completamente vulnerável.

2 - Mantenha sempre o equilíbrio.
Como aplicar a força contra seu oponente com três variantes:
a) Empurrar, depois relaxar e em seguida puxá-lo.
b) Puxar, depois relaxar e então empurrar. O empurrão deve acontecer sem precipitação, no momento que ele revidar a puxada.
c) Arremessar o oponente é o modo mais eficaz de derrubar o adversário quando a proximidade é tanta que não se pode puxar ou empurrar.
Todo o corpo deve ser usado para revirar o oponente e desequilibrá-lo, levantando-o do chão. Nesta ação usa-se a força dos dois braços e o impulso das pernas, joelhos e quadris. Você não deve colocar-se numa posição que o oponente não possa derrubá-lo, mas manter-se nesta posição desde o começo.

3 - Desequilibre o oponente com mínimo esforço.
Para concentrar a força em determinada parte do corpo, é necessário primeiro relaxar com a consciência alerta, sem afrouxar.
A regra vital do desequilíbrio (KUZUSHI), ou seja, a ação que deixa o oponente numa postura fácil de derrubá-lo ou arremessá-lo: a chave é desequilibrar ou quebrar a postura do oponente. Daí pode-se derrubá-lo com o mínimo esforço.
Você pode deixá-lo numa posição instável deslocando o peso do corpo para fora da base de sustentação. Se ele tentar manter o equilíbrio enrijecendo o corpo, ficará em condições desvantajosas e não poderá recuar nem avançar.

WAZA é baseado nos princípios fundamentais do Judô, “O máximo de eficiência no uso da mente e do corpo”.

As teorias do KUZUSHI, TSUKURI e do KAKE são expressões dos princípios do ponto de vista do Waza. O Tsukuri é construído a partir do Kuzushi, que significa destruir a postura de equilíbrio do seu oponente, e “estando você equilibrado” torna seu ataque mais eficiente. O Tsukuri consiste na preparação do golpe para a sua aplicação, o Kake.
O Kuzushi, Tsukuri e o Kake são os princípios técnicos do Judô, você pode aprender o princípio que pode ser aplicado a todas as fases da vida humana.

O ATAQUE (TORI)

Preparar-se para o ataque significa preparar o próprio corpo e o do oponente para o golpe que virá.
Os principais pontos incluídos nas ações corporais preparatórias são:
1 - Não permitir que o oponente perceba claramente as ações que você está realizando.
2 - Desequilibrar o adversário com pequenos movimentos, forçando-o a fazer grandes movimentos. Esse é o princípio da força centrífuga: você se coloca no centro da ação e, com o mínimo de esforços, obriga o adversário se mexer à sua volta.

AS MELHORES OPORTUNIDADES

É preciso escolher a oportunidade certa para cada tipo de ação preparatória.
Aqui estão as melhores chances para o ataque ao adversário:
1 - Ele está para vir à frente.
2 - Ele está para recuar.
3 - Ele vai desviar-se para direita ou para esquerda.
4 - Ele vai aplicar-lhe um golpe.
5 - O corpo dele está tenso e ele está tentando preparar uma ação.
6 - Ele se movimenta de modo apressado e impaciente.
7 - Ele aplicou um golpe.
8 - Ele tentou aplicar um golpe que falhou.
9 - Ele tentou aplicar um golpe e está agora procurando recobrar a posição.
10 - No exato momento no que ele recobrou a posição inicial.
Lembre-se de um ponto importante: depois de realizar os movimentos preparatórios e ter levantado o oponente no ar, execute um movimento de arremesso, assim o golpe surtirá o efeito desejado.

O ATAQUE É A MELHOR DEFESA

O importante é você não ficar na defensiva. Se o oponente não pode atacar é porque está ocupado em se defender, isto significa que você está levando vantagem atacando. O ataque é uma defesa e a defesa deve ser um ataque.

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